Desenvolver estudos sobre a natureza da consciência, seus
domínios e modelos de desenvolvimento.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

No âmago da vida... o silêncio!

                                                                                                          Mani Alvarez

Continuando a nossa reflexão sobre 'a memória das células', vamos adentrar um pouco mais nesse mistério da criação, que acontece a cada segundo na natureza. A física quântica demonstrou que as partículas subatômicas são separadas por enormes espaços vazios numa proporção de 99,99%. Como pode tão vastas extensões de “vazio” se transformar em vida, objetos, minerais, seres humanos?
            No mundo newtoniano, esse dilema não existe, porque a natureza é vista em termos de corpos sólidos que se comunicam uns com os outros em linha reta e previsível. Um evento A causa o evento B, e assim sucessivamente. Mas no mundo quântico não é assim que acontece. O evento A é um pensamento, portanto imaterial; o evento B é um neuropeptídeo, uma substância química. Não estamos mais numa linha reta e sim, num efeito em curva. Não existe mais causa e efeito. O que há é uma transformação oculta em movimento, a transformação de um pensamento em molécula. Abaixo dessa linha reta onde os eventos podiam ser situados numa visão newtoniana, agora o que temos é um abismo de onde sai toda a alquimia da vida. Quinze bilhões de neurônios do sistema nervoso são coordenados em perfeita precisão pelo comando dessa fantástica alquimia abaixo da linha.
            É por isso que a cura só pode ser pensada em termos “quânticos”. Não se trata de um processo mecânico, causal, objetivo. Ou seja, não basta “querer” ter saúde. É preciso mergulhar no abismo do silêncio interior e buscar a sabedoria inata da vida. Quantuum é uma palavra derivada do latim e significa “quanto”, ou seja, a quantidade de energia necessária para provocar a transformação no âmago da unidade mínima da matéria. É daí que jorra o inesperado do “salto quântico”. É daí que jorra a fonte inesgotável da vida.
            Esta zona de silêncio entre algo imaterial – o pensamento – e material – a substância química, é o quantuum da criação. Este é o local de nascimento da matéria. Aqui se mesclam, segundo o físico quântico Heisenberg, o tempo e o espaço. Reina um eterno aqui-agora. Nesse ponto imperam a unidade e a não-diferenciação. Trata-se de um ponto que contém tudo, e que, ao mesmo tempo, é denominado de “nada”. Pois existe entre o ser e o não-ser um abismo inexplicável. Os físicos, ás vezes, referem-se a estado primordial como “singularidade”, mas que condensa o mistério de todas as dimensões expandidas do universo. Basta dizer que um neuropeptídeo obedece aos comandos da mente com a velocidade da luz.
            Mas, tudo se passa nessa zona de silêncio entre o pensar e a substância desse pensamento – não no raciocínio mecânico e linear da racionalidade. O hemisfério cerebral direito não conhece a causalidade, pensa apenas de forma analógica. Parece que estamos no limiar de um “trans-pensar”... e enquanto toda a ciência e a medicina oficial trabalham no eixo horizontal, a medicina quântica atua no eixo vertical. Esse é exatamente o campo da Transpessoal, lá onde a consciência é uma investigadora potencial dessa realidade transcendente que fica além desse vazio abismal. Esse é também o campo onde se debruçaram místicos de todo o planeta em todos os tempos. Como?
            Os sábios da antiguidade sabiam dessa zona de silêncio e tinham conhecimento desse hiato entre um pensamento e outro. Decidiram, então, virar sua percepção da realidade pelo avesso. Ao invés de seguir os trilhos “normais” do pensamento em sua rota linear, decidiram sair fora dos trilhos, ir além do pensamento e penetrar o vazio, o lugar nenhum, o abismo do silêncio interior. Paradoxalmente, ao fazer desse estranhamento uma prática constante, eles se tornavam livres de condicionamentos, vícios e doenças – ou seja, eles liberavam a “memória das células” de seus condicionamentos. Sua aparência tornava-se mais jovem. É como se eles tivessem aprendido a arte de deter o tempo.
            Hoje, estudos revelam a verdade disso tudo que os mestres da antiguidade já praticavam. Uma pesquisa feita na Inglaterra revelou que a cada ano de meditação regular, ocorre a diminuição equivalente a um ano de envelhecimento. Mesmo entre pacientes idosos que começavam a meditar em idade mais avançada, o rejuvenescimento era visível. Não que esse fosse o objetivo. É como se essas mudanças ocorressem por conta própria. Hoje já se sabe que pessoas que se mantém emocionalmente saudáveis através de práticas como a meditação, desenvolvem regiões do córtex cerebral esquerdo, responsável por sentimentos de paz, harmonia e felicidade. É o chamado “cérebro feliz”. Elas ostentam isso na pele, no organismo, na vida.
            Tudo isso serve para demonstrar que, na fonte da percepção humana jaz um nível de consciência suprahumana. Nossa mente possui um potencial de criação muito poderoso – que está além das sinapses, embora passe por elas. Aqueles mestres não pareciam interessados em poder ou posses, e sim, em desenvolver suas percepções. Só assim se compreende o conceito védico de “maya” em sua plenitude. Não se trata de uma ilusão, como o ocidente interpretou. Na verdade, “maya” é a ilusão das fronteiras da mente, é o resultado de uma consciência que perdeu sua perspectiva cósmica. Recuperá-la é o tesouro mais cobiçado.
            Quando percebemos que somos pura consciência, descobrimos também que possuímos um poder inato para a criatividade. Deepak Chopra chama a esse estado de potencialidade pura. Ele diz: “A fonte de toda criação é a conscientização pura... a potencialidade pura que busca expressar-se do não manifesto ao manifesto. E quando descobrimos que nosso verdadeiro EU é potencialidade pura, alinhamo-nos à força que coordena tudo no universo”.
            Estudiosos reconhecem que “campo quântico” é apenas um outro nome para expressar o campo de potencialidade infinita da consciência. Tudo na natureza é energia e informação. Quando reduzimos uma flor, um cristal, uma célula humana a seus componentes básicos, tudo que encontramos é energia e informação. Mas, podem dizer: então, o que difere uma coisa da outra? Se tudo que existe na natureza é feito dos mesmos elementos: carbono, hidrogênio, oxigênio, etc.?
             A diferença é apenas o conteúdo energético e informativo, que faz com que os elementos se organizem de formas diferenciadas, compondo a riqueza e variedade do mundo das formas  materiais. Nós, seres humanos, somos privilegiados, porque nosso sistema nervoso é capaz de perceber a energia e a informação contidas em seu próprio campo quântico. E tem mais: a consciência humana pode interferir nesse conteúdo informativo e energético do seu próprio corpo e a seu redor, modificando a realidade segundo o seu desejo. 
                 Como a gente vê, a cada mergulho mais e mais mistério vem a superfície.... e novas  perguntas afloram.


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