Desenvolver estudos sobre a natureza da consciência, seus
domínios e modelos de desenvolvimento.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A IMPORTÂNCIA DE JUNG PARA A TRANSPESSOAL

Mani Alvarez

Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicanalista suíço, talvez tenha sido o maior precursor da psicologia Transpessoal. Suas teorias deram embasamento a estudos e pesquisas posteriores sobre as múltiplas dimensões da consciência. Foi o fundador da escola analítica da psicologia e viveu de 1875 a 1961.
Uma das maiores contribuições de Jung à psicologia, sobretudo à psicologia Transpessoal, foi a sua teoria de ‘inconsciente coletivo. Este conceito não consistia numa formulação abstrata ou simplesmente teórica, mas possuía realmente um caráter empírico. Jung descobriu que todos nós carregamos uma herança "psíquica" tanto quanto genética. Ele define o " inconsciente coletivo" como essa parte da psique que deve sua existência a um tipo peculiar de hereditariedade, que não se reduz à história individual do sujeito, mas sim, à história mais ampla da humanidade. Sua descoberta dessa dimensão maior do inconsciente se deve às pesquisas e estudos com o material dos sonhos de seus pacientes e de si mesmo, tal como Freud o fez; mas também incluiu a produção religiosa, os mitos e os símbolos que a cultura humana produziu ao longo dos milênios.

Jung percebeu que existiam na mente psíquica certos conteúdos que iam muito além da história individual, e constituíam uma força dinâmica muito intensa, provocando reações fisiológicas e sentimentos intensos diante de certos estímulos da existência. A essas forças inconscientes ele deu o nome de “arquétipos”, e disse que elas consistiam em reações psíquicas análogas aos instintos. Ou seja, são energias básicas existentes em todos os seres humanos, tal como a fome, a sede, a auto-defesa, a busca de abrigo, só que, enquanto essas se manifestam no plano fisiológico, as outras se manifestam no plano psíquico.

Ele chama os arquétipos de ‘imagens primordiais’, as formas mais antigas de pensamento da humanidade. Não são "idéias", mas "propensões" da psique humana, que podem se expressar de formas específicas, quando ocorrem situações específicas. Por exemplo, o instinto materno.

A "individuação" também é um conceito importantíssimo herdado de Jung, pois implica na ideia de uma continuidade progressiva da consciência em direção a um estado de plenitude, ao qual ele chamou de Self. Esse movimento dinâmico e evolutivo da consciência foi chamado de ‘processo de individuação’, e significa um caminhar universal, autônomo, embora inconsciente, em busca do equilíbrio dos conteúdos psíquicos, das dualidades, dos princípios feminino e masculino, de luz e sombra.

A visualização criativa é o correspondente, na psicologia Transpessoal, da imaginação ativa de Jung. Várias técnicas de visualização criativa foram criadas tendo como base os "arquétipos" e o conceito do "inconsciente coletivo" de Jung. Para ele, os diferentes tipos de divindades da mitologia universal correspondem a diferentes estados psicológicos, tornando-se assim, símbolos de transformação. As imagens míticas são usadas como arquétipos, pois, segundo Jung, os arquétipos ganham vida, quando assumem sentido para uma pessoa. Através da poderosa corrente de energia de que elas são portadoras, as imagens ganham numinosidade e conduzem ao reino transpessoal, espiritual. Por isso é tão próxima a Transpessoal da espiritualidade.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Quem você escolheu ser até hoje? por Wallace Liimaa

"No último final de semana da nossa estada nos EUA tivemos a oportunidade de nos aprofundar no estudo da Neurociência com um grande especialista no assunto, o Dr. Joe Dispenza, cuja notável participação no filme “Quem somos nós?” repercutiu mundialmente chamando a atenção para a qualidade do seu trabalho. A sua história pessoal, na qual um grave acidente o colocou numa situação de alto risco de ficar inválido, quando os maiores especialista que o avaliaram foram unânimes em dizer que se ele não se submetesse a uma cirurgia num prazo de 4 dias ele poderia nunca mais ficar de pé, novamente o levou aos conhecimentos que hoje propaga.

Como experiente médico quiroprata, acostumado a ver o sofrimento daqueles que passaram por processos cirúrgicos, resolveu ir de encontro a todos os diagnósticos e se recolheu na sua própria casa onde iniciou um trabalho no qual diariamente dava comandos mentais para que o próprio corpo encontrasse a solução para o seu grave problema. O fato é que após 10 semanas ele estava de volta à sua rotina de atendimentos em seu consultório. Os resultados obtidos fizeram com que ele buscasse se aprofundar nos estudos da Neurociência para saber como opera a mente para poder fundamentar o que aconteceu com ele mesmo, bem como compreender os mecanismos que fazem com que possamos acionar conscientemente a inteligência inata do próprio corpo no sentido de não só nos curarmos, mas transformarmos a realidade na qual vivemos.

Pois bem, hoje se sabe que o nosso cérebro pode ser reestruturado na sua forma a partir de atividades físicas ou práticas cotidianas ou de simplesmente criar uma sequência de ações apenas usando a mente de maneira repetitiva como se estivesse praticando alguma ação no mundo físico. A essa área da ciência moderna que comprova a flexibilidade do nosso cérebro de se transformar, assumindo um novo formato físico, dá-se o nome de neuroplasticidade cerebral, que evidencia que não há idade para criarmos novas conexões neurais que nos conduzem a novos mapas mentais, alterando não só a estrutura física do nosso cérebro, mas a forma como passamos a conceber a realidade. A crença popular que diz que “pau que nasce torto morre torto”, no entanto essa perspectiva prova o contrário, já que esses aspectos foram cientificamente ultrapassados por uma nova percepção que nos coloca no papel do observador que é capaz de fazer as melhores escolhas e ser capaz de alterar o seu destino, se assim o desejar.

As descobertas da Neurociência, associados aos conhecimentos da Física quântica e da Epigenética nos possibilitam a reestruturação dos nossos padrões mentais e a capacidade de alterar a nossa estrutura genética, e o mais importante é que as futuras gerações herdarão dos pais geneticamente as mudanças que também poderão ser aperfeiçoadas a cada nova geração. “Cada um de nós possui o dom de ser feliz e de ser capaz”, lembra-nos um compositor popular. A nova ciência que surge como uma revolução saudável possui um pré-requisito básico: a confiança de que cada um é o ator principal da sua própria jornada existencial e o único responsável pelas manifestações, boas ou ruins, das suas vidas.

Essa abordagem mexe profundamente com as crenças limitantes de quem vive culpando “Deus e o Mundo” pelos seus infortúnios. Henry Ford foi um grande empreendedor americano que visualizou tudo isso no século passado quando afirmou que “os obstáculos são aquelas coisas terríveis que você vê quando desvia os olhos do seu objetivo” ou “se você pensa que pode ou pensa que não pode, de uma forma ou de outra você está com a razão”.O que a nova ciência está constatando é que com certa dose de coragem, determinação e ousadia, temos como acessar os programas de autocura do nosso corpo-mente e superar os padrões de crenças que nos conduzem às enfermidades e dificuldades por que passamos. Num certo sentido, temos muito que desaprender para criar as condições de aprender algo novo.

Numa linguagem cibernética, temos que desinstalar os velhos softwares mentais para que os novos softwares possam ser instalados. O campo quântico disponibiliza as inúmeras possibilidades da nossa existência para que possamos manifestá-las conscientemente no mundo material. A escolha será sempre nossa. Ninguém poderá tomar a decisão por nós mesmos. Dessa forma, “pensar fora da caixa” equivale a superar a neurorigidez dos hábitos engessados e acessar novas perspectivas a partir de um novo mapa cerebral, construído a partir da instalação dos novos programas mentais que possibilitam a emergência de um novo ser humano.

Com os novos recursos da ciência, fica evidente como a mente afeta a matéria e o ambiente em que vivemos. Não há como ter sempre os mesmos pensamentos, sentimentos, emoções e crenças e esperar obter resultados diferentes dos obtidos até agora. O nosso cérebro é o registro das nossas experiências no passado que são ativadas no exato momento em que iniciamos a repetição dos velhos padrões de crenças. Por isso que o nosso ambiente se confunde com a qualidade dos nossos pensamentos. Estamos a toda hora criando a nossa realidade material, independentemente de estarmos ou não conscientes desse fato. Mas quando nos tornamos conscientes, passamos a assumir o remo do nosso barco existencial.

Se você está disposto(a) a pensar “fora da caixa” e a realizar o seu “salto quântico” na mente, qualificando a sua existência, saiba que cabe a você decidir aonde quer chegar. Se quer continuar como está hoje é fácil. É só continuar pensando, sentindo e agindo como sempre fez até aqui. Se esse não é o seu caso, então é chegada a hora de desaprender muito do que aprendeu até agora para que
um novo ser possa vir a florescer. Por isso convido você a se unir a nós na construção de uma nova consciência!"

Reprodução de texto assinado por  Wallace Liimaa.  - O idealizador e organizador do III Simpósio Internacional Saúde Quântica e Qualidade de Vida

http://www.simposiosaudequantica.com.br/saude-quantum/index.php

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

No âmago da vida... o silêncio!

                                                                                                          Mani Alvarez

Continuando a nossa reflexão sobre 'a memória das células', vamos adentrar um pouco mais nesse mistério da criação, que acontece a cada segundo na natureza. A física quântica demonstrou que as partículas subatômicas são separadas por enormes espaços vazios numa proporção de 99,99%. Como pode tão vastas extensões de “vazio” se transformar em vida, objetos, minerais, seres humanos?
            No mundo newtoniano, esse dilema não existe, porque a natureza é vista em termos de corpos sólidos que se comunicam uns com os outros em linha reta e previsível. Um evento A causa o evento B, e assim sucessivamente. Mas no mundo quântico não é assim que acontece. O evento A é um pensamento, portanto imaterial; o evento B é um neuropeptídeo, uma substância química. Não estamos mais numa linha reta e sim, num efeito em curva. Não existe mais causa e efeito. O que há é uma transformação oculta em movimento, a transformação de um pensamento em molécula. Abaixo dessa linha reta onde os eventos podiam ser situados numa visão newtoniana, agora o que temos é um abismo de onde sai toda a alquimia da vida. Quinze bilhões de neurônios do sistema nervoso são coordenados em perfeita precisão pelo comando dessa fantástica alquimia abaixo da linha.
            É por isso que a cura só pode ser pensada em termos “quânticos”. Não se trata de um processo mecânico, causal, objetivo. Ou seja, não basta “querer” ter saúde. É preciso mergulhar no abismo do silêncio interior e buscar a sabedoria inata da vida. Quantuum é uma palavra derivada do latim e significa “quanto”, ou seja, a quantidade de energia necessária para provocar a transformação no âmago da unidade mínima da matéria. É daí que jorra o inesperado do “salto quântico”. É daí que jorra a fonte inesgotável da vida.
            Esta zona de silêncio entre algo imaterial – o pensamento – e material – a substância química, é o quantuum da criação. Este é o local de nascimento da matéria. Aqui se mesclam, segundo o físico quântico Heisenberg, o tempo e o espaço. Reina um eterno aqui-agora. Nesse ponto imperam a unidade e a não-diferenciação. Trata-se de um ponto que contém tudo, e que, ao mesmo tempo, é denominado de “nada”. Pois existe entre o ser e o não-ser um abismo inexplicável. Os físicos, ás vezes, referem-se a estado primordial como “singularidade”, mas que condensa o mistério de todas as dimensões expandidas do universo. Basta dizer que um neuropeptídeo obedece aos comandos da mente com a velocidade da luz.
            Mas, tudo se passa nessa zona de silêncio entre o pensar e a substância desse pensamento – não no raciocínio mecânico e linear da racionalidade. O hemisfério cerebral direito não conhece a causalidade, pensa apenas de forma analógica. Parece que estamos no limiar de um “trans-pensar”... e enquanto toda a ciência e a medicina oficial trabalham no eixo horizontal, a medicina quântica atua no eixo vertical. Esse é exatamente o campo da Transpessoal, lá onde a consciência é uma investigadora potencial dessa realidade transcendente que fica além desse vazio abismal. Esse é também o campo onde se debruçaram místicos de todo o planeta em todos os tempos. Como?
            Os sábios da antiguidade sabiam dessa zona de silêncio e tinham conhecimento desse hiato entre um pensamento e outro. Decidiram, então, virar sua percepção da realidade pelo avesso. Ao invés de seguir os trilhos “normais” do pensamento em sua rota linear, decidiram sair fora dos trilhos, ir além do pensamento e penetrar o vazio, o lugar nenhum, o abismo do silêncio interior. Paradoxalmente, ao fazer desse estranhamento uma prática constante, eles se tornavam livres de condicionamentos, vícios e doenças – ou seja, eles liberavam a “memória das células” de seus condicionamentos. Sua aparência tornava-se mais jovem. É como se eles tivessem aprendido a arte de deter o tempo.
            Hoje, estudos revelam a verdade disso tudo que os mestres da antiguidade já praticavam. Uma pesquisa feita na Inglaterra revelou que a cada ano de meditação regular, ocorre a diminuição equivalente a um ano de envelhecimento. Mesmo entre pacientes idosos que começavam a meditar em idade mais avançada, o rejuvenescimento era visível. Não que esse fosse o objetivo. É como se essas mudanças ocorressem por conta própria. Hoje já se sabe que pessoas que se mantém emocionalmente saudáveis através de práticas como a meditação, desenvolvem regiões do córtex cerebral esquerdo, responsável por sentimentos de paz, harmonia e felicidade. É o chamado “cérebro feliz”. Elas ostentam isso na pele, no organismo, na vida.
            Tudo isso serve para demonstrar que, na fonte da percepção humana jaz um nível de consciência suprahumana. Nossa mente possui um potencial de criação muito poderoso – que está além das sinapses, embora passe por elas. Aqueles mestres não pareciam interessados em poder ou posses, e sim, em desenvolver suas percepções. Só assim se compreende o conceito védico de “maya” em sua plenitude. Não se trata de uma ilusão, como o ocidente interpretou. Na verdade, “maya” é a ilusão das fronteiras da mente, é o resultado de uma consciência que perdeu sua perspectiva cósmica. Recuperá-la é o tesouro mais cobiçado.
            Quando percebemos que somos pura consciência, descobrimos também que possuímos um poder inato para a criatividade. Deepak Chopra chama a esse estado de potencialidade pura. Ele diz: “A fonte de toda criação é a conscientização pura... a potencialidade pura que busca expressar-se do não manifesto ao manifesto. E quando descobrimos que nosso verdadeiro EU é potencialidade pura, alinhamo-nos à força que coordena tudo no universo”.
            Estudiosos reconhecem que “campo quântico” é apenas um outro nome para expressar o campo de potencialidade infinita da consciência. Tudo na natureza é energia e informação. Quando reduzimos uma flor, um cristal, uma célula humana a seus componentes básicos, tudo que encontramos é energia e informação. Mas, podem dizer: então, o que difere uma coisa da outra? Se tudo que existe na natureza é feito dos mesmos elementos: carbono, hidrogênio, oxigênio, etc.?
             A diferença é apenas o conteúdo energético e informativo, que faz com que os elementos se organizem de formas diferenciadas, compondo a riqueza e variedade do mundo das formas  materiais. Nós, seres humanos, somos privilegiados, porque nosso sistema nervoso é capaz de perceber a energia e a informação contidas em seu próprio campo quântico. E tem mais: a consciência humana pode interferir nesse conteúdo informativo e energético do seu próprio corpo e a seu redor, modificando a realidade segundo o seu desejo. 
                 Como a gente vê, a cada mergulho mais e mais mistério vem a superfície.... e novas  perguntas afloram.


sábado, 2 de novembro de 2013

A “memória”das células

 Mani Alvarez
 
Todos nós sabemos que a estabilidade de nossa forma corporal é apenas aparente. Noventa por cento dos átomos de nosso corpo não estavam presentes nele há apenas 3 meses atrás. Nossa pele se renova a cada mês; nosso estômago adquire um novo revestimento a cada 4 dias; nosso fígado a cada 6 semanas e a cada 3 meses adquirimos uma nova estrutura óssea por causa dos átomos de todos os tipos que atravessam livremente suas paredes celulares. Através dos processos de respiração, alimentação e eliminação, estamos em constante troca com o resto do mundo. Até as células cerebrais podem se renovar. Em 1969 um pesquisador de Cambridge, Godfred Raisman provou que as células nervosas danificadas podem induzir novo crescimento.
            A questão é: se nossas células se renovam o tempo todo, o que as mantém coesas numa forma que se repete? Em outras palavras: como minha aparência se mantém a mesma ao longo do tempo? Ou como é possível uma doença durar muitos anos, se todas as células do corpo já foram substituídas por outras? Afinal, onde está guardada a memória das células?
            Desde a década de 70 foi descoberta uma nova classe de substâncias químicas chamadas “neurotransmissores”. Elas atuam em nosso corpo como “moléculas mensageiras”; partem do cérebro e conduzem aos nossos órgãos nossas emoções, desejos, lembranças, sonhos e intuições. Sempre que um pensamento se forma, essas substâncias químicas surgem do nada e codificam a informação, retransmitindo-a ao organismo inteiro.  Pensar é praticar química cerebral, promovendo uma cascata de respostas através do corpo. Esta é a base material da inteligência.
            E aqui chegamos ao âmago da questão: a mente é imaterial, mas desenvolveu uma forma peculiar de trabalhar em parceria com essas complicadas moléculas transmissoras. Para se projetar no corpo, a mente precisa dessas substâncias químicas. Não é espantoso que a cada pensamento, nós estejamos, de fato, movendo átomos de hidrogênio, carbono, oxigênio e outras substâncias químicas de nosso cérebro?
            Não seria este fenômeno um verdadeiro caso de “telecinésia”*? *telecinésia é a capacidade de mover objetos só com a força do pensamento.
            Pois bem: o cérebro transmite suas informações para os órgãos do corpo mediante os hormônios que fluem pela corrente sanguínea e através dos neurotransmissores, que viajam a uma velocidade inacreditável. As áreas mediadoras de nossas emoções no cérebro são as amígdalas e o hipotálamo, áreas especialmente ricas em neurotransmissores. Isto significa que onde estão as substâncias químicas aliadas ao pensamento existem processos de pensamento em abundância. Mas como poderiam essas moléculas mensageiras levar nossos pensamentos para locais distantes do cérebro em questão de segundos?
            Isso ficou esclarecido quando foi descoberto que os impulsos nervosos não viajam em linhas retas através dos “ramos” dos neurônios; eles circulam livremente a “inteligência” do corpo através da corrente sanguínea, dentro dos glóbulos brancos de nosso sangue. Portanto, se estamos felizes ou tristes, preocupados ou esperançosos, isso será convertido em neuropeptídeos e neurotransmissores que irão levar esses impulsos emocionais para todo nosso corpo, via corrente sanguínea. Por isso nossas emoções são tão prontamente manifestadas fisicamente, inclusive pelo nosso sistema imunológico. Nossas células são “inteligentes”.
            Mas o mistério continua. E a pergunta, todavia, persiste: o quê, ou quem controla essa “inteligência”?
            Essa questão pode ser melhor pensada se tomarmos o exemplo de pessoas que sofrem de qualquer tipo de doença cronificada. A pessoa é a sua doença. Em algum momento de sua vida houve a fusão de um pensamento com uma molécula e a partir daí ela vai informar o corpo sempre da mesma maneira, sem espaço para alterações. Corpo e mente estão irracionalmente unidos. Vamos a um exemplo: o que acontece quando alguém vê uma cobra e dá um salto para se desviar dela? O pensamento gerado pelo medo – cuidado, uma cobra! Estimula com a rapidez de um raio a produção da adrenalina que vai fazer com que você dê um salto imediatamente, sem pensar. A idéia e a ação estão tão intimamente ligados que não houve tempo para se formular um pensamento consciente. Você apenas vê a cobra e salta. Este é um exemplo da chamada “inteligência das células”. Ela “sabe” que uma cobra representa perigo, não importa se alguma vez você foi ou não atacado por uma. Trata-se de uma memória ancestral que todos carregamos.
            No caso das doenças crônicas é a mesma coisa. A mente e as moléculas mensageiras são combinadas de modo automático e perfeito a perpetuar a produção de uma desordem física nas células. Mesmo quando aquela célula não existe mais. Há uma memória que “sabe” como perpetuar aquela desordem. Portanto, há um transtorno na codificação da idéia. Defeito no planejamento. É isto que a medicina começa a elucidar: a memória de uma célula é uma informação e como tal ela pode durar mais que a própria célula.
            No caso de pessoas viciadas em comer, beber ou fumar, costuma-se pensar que foi criada uma dependência química, o que implica em dizer que suas células ficaram dependentes da nicotina, da comida ou do álcool. Na verdade, nossas células são renovadas periodicamente, portanto, como podem ficar durante anos viciadas e dependentes?  O que ficou “viciado” foi a “memória” da célula, em outras palavras, o vício é uma memória distorcida, uma informação irracional que se fixou em determinada fórmula química.
            Ainda que essas memórias possam constituir um vício familiar herdado, portanto, transmitido geneticamente, ainda assim é preciso considerar as condições imateriais que levaram aquele “gene do vício” a se imantar no DNA daquela família. A produção daquela informação pode ter sido iniciada há gerações atrás, mas ela vai persistir até que alguém consiga modificá-la na fonte.
            Segundo o dr. Chopra, “o câncer não é tanto uma célula louca e transviada e sim a planta básica distorcida daquela célula, um conjunto de instruções errôneas que transformam o comportamento celular normal numa mania suicida de câncer.”
            Se um neuropeptídeo – célula mensageira – não é um pensamento, mas move-se de acordo com ele, porque o simples desejo de cura não é suficiente para induzir às células a volta à saúde?
Se, como diz o dr. Chopra, um neuropeptídeo aflora na existência ao toque do pensamento, de onde vem esse impulso para existir? Uma emoção é suficiente para transformar a não-matéria em matéria. Basta sentir medo e moléculas do método afloram em minha fisiologia. Então, porque o pensamento de saúde muitas vezes não é suficiente para curar uma doença?
Essas são algumas das muitas questões que se colocam para o estudo da relação da consciência com cérebro, da mente com o corpo...
                                                                                                 


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O que significa consciência? Qual a natureza da consciência? A consciência é produto do cérebro?

Frederico Drummond

Os estudos sobre a consciência ficaram em uma espécie de limbo durante muito tempo, voltando a despertar interesse dos pesquisadores a partir dos anos 50.
Estes estudos ocuparam diversos campos disciplinares dos quais destacamos:

a) Filosofia da Mente;

b) Neurociências e Ciências Cognitivas;

c) Abordagem Transpessoal, sob a influência da descoberta ...pelo ocidente das disciplinas orientais como a meditação, yoga e tradições religiosas. 

d) Conhecimentos Entrelaçados ou  Transdisciplinaridade  - nos termos do protocolo firmado no Primeiro Congresso Mundial da Transdisciplinaridade em 1994.


 Este interesse significou o retorno de um antigo debate sobre os conceitos de Monismo e Dualismo (mente/cérebro), que ocupou profundamente o interesse da filosofia grega. Mas muitas questões ainda não possuem respostas satisfatórias, prosseguindo o debate sobre a natureza da consciência como um dos grandes desafios de nossos tempos.

"O que você sente não é nada! É puramente psicológico!"

A provação do título desta postagem reflete em boa medida o lado prático do cotidiano da nossa visão ambígua sobre o que é de natureza física e não-física no ser humano. Quando dizemos que uma dor "não é nada" estamos tentando dizer que não encontramos uma relação causal entre a dor reclamada e alguma disfunção física do organismo (relação causal objetiva). E em seguida atribuímos a este "nada" algo que chamamos psicológico (algo de natureza subjetiva). Objetivo e subjetivo passam a ser então as duas faces da realidade humana, onde objetivo é O REAL e subjetivo "ALGO NÃO DEFINIDO" (que nesta visão pode mesmo ser interpretado como IRREAL.). Um exemplo importante desta fenomenologia é a forma como é diagnosticada e tratada a "Síndrome de Pânico".

Desta forma, partindo do nosso cotidiano ( "Isto é puramente psicológico") entramos no âmbito do debate central sobre a natureza desta estrutura que identificamos como CÉREBRO/MENTE.

Desta forma podemos lançar algumas questões, para alimentar nossas pesquisas:

O que é objetivo e o que é subjetivo. Qual a relação destes conceitos com a realidade da consciência?

O que significa consciência? Qual a natureza da consciência? A consciência é produto do cérebro? A consciência pode existir independente do cérebro? O que significa monismo? E dualismo?

Enfim, estamos face a um campo muito fértil, onde a maior ou menor clareza do seu entendimento poderá guiar nossas práticas frente a saúde integral do ser humano.

Bons estudos e boas pesquisas para todos nós.




segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Centro De Pesquisa Da Consciência


Frederico Drummond

O estudo da consciência transpessoal vem para nos lembrar como usamos pouco nosso potencial humano. Em nosso dia a dia passamos a acreditar que o limite da existência está neste estado da consciência que chamamos "ordinário" e que constitui um fragmento da consciência possível. Pouco ou nada percebemos que nossos êxtases (seja físico,... religioso, artísticos, criativo) transcorrem em outro estado... específico da consciência (alguns pesquisadores falam em estados alterados de consciência)*, diferente da consciência ordinária. Nossos insight criativos não estão na consciência ordinária, assim como não está nossa vivência do sagrado e da transcendência.

E talvez, e isto é o mais grave, é que muitas de nossas doenças resultam de nossa fixação em um dos estados específicos de consciência, sem que tenhamos disciplinado nossa capacidade de transitar por níveis mais amplos desta mesma consciência. Muitos dos transtornos de mediunidade, transtornos de obsessões e possessões, as síndromes de pânico, as chamadas dissociação do ego são estados de consciência específicos, que transformado em depressões, nos empurram para psiquiatras ou para práticas religiosas não libertadoras. As terapias transpessoais legítimas auxiliam-nos no empoderamento de recursos libertadores, seja na meditação, nas danças circulares, na pintura expressiva, na música ou mesmo no aconselhamento terapêutico. Pesquisar estes níveis transdisciplinares e a consciência em sua diversidade e metamotivações são desafios que constituem a base de um projeto ainda em fase embrionária. Mas, para o qual aceitamos de coração aberto a contribuição de todos nossos parceiros de rede. Sejam bem vindos a esta grande jornada da consciência!

(*) Quando falamos de estados alterados de consciência estamos admitindo implicitamente a existência de estados não-alterados. Isto em nossa visão constitui um grande equívoco. Os estados de consciência que podem ser cartografados possuem cada um deles especificidades, e constituem também estados específicos de conhecimento. Podemos então falar de Teorias do Conhecimento dos Estados Específicos. Esta teoria está bem posta pelo pesquisador Ken Wilber, que demonstra a condição de uma epistemologia legítima mesmo do ponto de vista do campo acadêmico. Da mesmo forma podemos falar de "terapias" dos estados específicos.

• Frederico Ozanam Drummond é formado em Filosofia e professor universitário em Sete Lagoas, MG. Fez a Formação de Base da Unipaz e cursos de Transpessoal no CLASI.