Mani Alvarez
Todos
nós sabemos que a estabilidade de nossa forma corporal é apenas aparente. Noventa por
cento dos átomos de nosso corpo não estavam presentes nele há apenas 3 meses
atrás. Nossa pele se renova a cada mês; nosso estômago adquire um novo
revestimento a cada 4 dias; nosso fígado a cada 6 semanas e a cada 3 meses
adquirimos uma nova estrutura óssea por causa dos átomos de todos os tipos que
atravessam livremente suas paredes celulares. Através dos processos de
respiração, alimentação e eliminação, estamos em constante troca com o resto do
mundo. Até as células cerebrais podem se renovar. Em 1969 um pesquisador de
Cambridge, Godfred Raisman provou que as células nervosas danificadas podem
induzir novo crescimento.
A questão é: se nossas células se
renovam o tempo todo, o que as mantém coesas numa forma que se repete? Em
outras palavras: como minha aparência se mantém a mesma ao longo do tempo? Ou
como é possível uma doença durar muitos anos, se todas as células do corpo já
foram substituídas por outras? Afinal, onde está guardada a memória das
células?
Desde
a década de 70 foi descoberta uma nova classe de substâncias químicas chamadas
“neurotransmissores”. Elas atuam em nosso corpo como “moléculas mensageiras”;
partem do cérebro e conduzem aos nossos órgãos nossas emoções, desejos,
lembranças, sonhos e intuições. Sempre que um pensamento se forma, essas
substâncias químicas surgem do nada e codificam a informação, retransmitindo-a
ao organismo inteiro. Pensar é praticar
química cerebral, promovendo uma cascata de respostas através do corpo. Esta é
a base material da inteligência.
E aqui chegamos ao âmago da questão:
a mente é imaterial, mas desenvolveu uma forma peculiar de trabalhar em
parceria com essas complicadas moléculas transmissoras. Para se projetar no
corpo, a mente precisa dessas substâncias químicas. Não é espantoso que a cada
pensamento, nós estejamos, de fato, movendo átomos de hidrogênio, carbono,
oxigênio e outras substâncias químicas de nosso cérebro?
Não seria este fenômeno um
verdadeiro caso de “telecinésia”*? *telecinésia é a capacidade de mover objetos
só com a força do pensamento.
Pois bem: o cérebro transmite suas
informações para os órgãos do corpo mediante os hormônios que fluem pela
corrente sanguínea e através dos neurotransmissores, que viajam a uma
velocidade inacreditável. As áreas mediadoras de nossas emoções no cérebro são
as amígdalas e o hipotálamo, áreas especialmente ricas em neurotransmissores.
Isto significa que onde estão as substâncias químicas aliadas ao pensamento
existem processos de pensamento em abundância. Mas como poderiam essas
moléculas mensageiras levar nossos pensamentos para locais distantes do cérebro
em questão de segundos?
Isso ficou esclarecido quando foi
descoberto que os impulsos nervosos não viajam em linhas retas através dos
“ramos” dos neurônios; eles circulam livremente a “inteligência” do corpo
através da corrente sanguínea, dentro dos glóbulos brancos de nosso sangue.
Portanto, se estamos felizes ou tristes, preocupados ou esperançosos, isso será
convertido em neuropeptídeos e neurotransmissores que irão levar esses impulsos
emocionais para todo nosso corpo, via corrente sanguínea. Por isso nossas
emoções são tão prontamente manifestadas fisicamente, inclusive pelo nosso
sistema imunológico. Nossas células são “inteligentes”.
Mas o mistério continua. E a pergunta, todavia, persiste: o quê, ou quem controla essa “inteligência”?
Essa questão pode ser melhor pensada
se tomarmos o exemplo de pessoas que sofrem de qualquer tipo de doença
cronificada. A pessoa é a sua doença. Em algum momento de
sua vida houve a fusão de um pensamento com uma molécula e a partir daí ela vai
informar o corpo sempre da mesma maneira, sem espaço para alterações. Corpo e
mente estão irracionalmente unidos. Vamos a um exemplo: o que acontece quando
alguém vê uma cobra e dá um salto para se desviar dela? O pensamento gerado
pelo medo – cuidado, uma cobra!
Estimula com a rapidez de um raio a produção da adrenalina que vai fazer com
que você dê um salto imediatamente, sem pensar. A idéia e a ação estão tão
intimamente ligados que não houve tempo para se formular um pensamento
consciente. Você apenas vê a cobra e salta. Este é um exemplo da chamada
“inteligência das células”. Ela “sabe” que uma cobra representa perigo, não
importa se alguma vez você foi ou não atacado por uma. Trata-se de uma memória
ancestral que todos carregamos.
No caso das doenças crônicas é a
mesma coisa. A mente e as moléculas mensageiras são combinadas de modo
automático e perfeito a perpetuar a produção de uma desordem física nas
células. Mesmo quando aquela célula não existe mais. Há uma memória que “sabe”
como perpetuar aquela desordem. Portanto, há um transtorno na codificação da
idéia. Defeito no planejamento. É isto que a medicina começa a elucidar: a
memória de uma célula é uma informação e como tal ela pode durar mais que a
própria célula.
No caso de pessoas viciadas em
comer, beber ou fumar, costuma-se pensar que foi criada uma dependência
química, o que implica em dizer que suas células ficaram dependentes da
nicotina, da comida ou do álcool. Na verdade, nossas células são renovadas
periodicamente, portanto, como podem ficar durante anos viciadas e
dependentes? O que ficou “viciado” foi a
“memória” da célula, em outras palavras, o vício é uma memória distorcida, uma
informação irracional que se fixou em determinada fórmula química.
Ainda que essas memórias possam constituir
um vício familiar herdado, portanto, transmitido geneticamente, ainda assim é
preciso considerar as condições imateriais que levaram aquele “gene do vício” a
se imantar no DNA daquela família. A produção daquela informação pode ter sido
iniciada há gerações atrás, mas ela vai persistir até que alguém consiga
modificá-la na fonte.
Segundo o dr. Chopra, “o
câncer não é tanto uma célula louca e transviada e sim a planta básica
distorcida daquela célula, um conjunto de instruções errôneas que transformam o
comportamento celular normal numa mania suicida de câncer.”
Se um neuropeptídeo – célula
mensageira – não é um pensamento, mas move-se de acordo com ele, porque o
simples desejo de cura não é suficiente para induzir às células a volta à
saúde?
Se,
como diz o dr. Chopra, um neuropeptídeo aflora na existência ao toque do
pensamento, de onde vem esse impulso para existir? Uma emoção é suficiente para
transformar a não-matéria em matéria. Basta sentir medo e moléculas do método
afloram em minha fisiologia. Então, porque o pensamento de saúde muitas vezes não é
suficiente para curar uma doença?
Essas são algumas das muitas questões que se colocam para o estudo da relação da consciência com cérebro, da mente com o corpo...
Essa matéria me faz lembrar a microfisioterapia, a qual trabalha com as memórias das células.
ResponderExcluirOlá Valéria - quais sãos os principais conceitos da microfisioterapia, conforme você se referiu? FDrummond
ResponderExcluirComo fumante, que se encontra bastante consciente dos malefícios do vício e já desejosa de abandoná-lo, há algum tempo, e, também sabedora de que existe a possibilidade de realizar qualquer mudança que desejemos, tenho me indagado muitas vezes sobre o porquê de o processo ser aparentemente simples, mas não fácil de se conseguir operacioná-lo conscientemente? Será que somente se consegue obter o alcance de tal potencialidade, ultrapassando o portal da consciência? É isso?
ResponderExcluirOi Rosi
ResponderExcluirEntendo sua angustia como fumante que quer deixar de ser... e imagino que esteja se perguntando: tudo bem, acredito que nossa mente possa mudar a informação de minhas células viciadas em nicotina, mas como fazer isso???
A boa notícia é que você pode sim, mudar essa informação; a outra é que para mudar essa informação celular viciada você precisa aprender a acessar uma zona de silêncio em sua mente, lá onde acontecem as coisas e tudo é criado. Mas vou lhe pedir paciência e esperar um pouco mais, porque estou preparando um outro artigo para colocar aqui em nosso Blog exatamente sobre esse assunto: afinal de contas, o que é a 'cura'?
Mani