Desenvolver estudos sobre a natureza da consciência, seus
domínios e modelos de desenvolvimento.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A IMPORTÂNCIA DE JUNG PARA A TRANSPESSOAL

Mani Alvarez

Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicanalista suíço, talvez tenha sido o maior precursor da psicologia Transpessoal. Suas teorias deram embasamento a estudos e pesquisas posteriores sobre as múltiplas dimensões da consciência. Foi o fundador da escola analítica da psicologia e viveu de 1875 a 1961.
Uma das maiores contribuições de Jung à psicologia, sobretudo à psicologia Transpessoal, foi a sua teoria de ‘inconsciente coletivo. Este conceito não consistia numa formulação abstrata ou simplesmente teórica, mas possuía realmente um caráter empírico. Jung descobriu que todos nós carregamos uma herança "psíquica" tanto quanto genética. Ele define o " inconsciente coletivo" como essa parte da psique que deve sua existência a um tipo peculiar de hereditariedade, que não se reduz à história individual do sujeito, mas sim, à história mais ampla da humanidade. Sua descoberta dessa dimensão maior do inconsciente se deve às pesquisas e estudos com o material dos sonhos de seus pacientes e de si mesmo, tal como Freud o fez; mas também incluiu a produção religiosa, os mitos e os símbolos que a cultura humana produziu ao longo dos milênios.

Jung percebeu que existiam na mente psíquica certos conteúdos que iam muito além da história individual, e constituíam uma força dinâmica muito intensa, provocando reações fisiológicas e sentimentos intensos diante de certos estímulos da existência. A essas forças inconscientes ele deu o nome de “arquétipos”, e disse que elas consistiam em reações psíquicas análogas aos instintos. Ou seja, são energias básicas existentes em todos os seres humanos, tal como a fome, a sede, a auto-defesa, a busca de abrigo, só que, enquanto essas se manifestam no plano fisiológico, as outras se manifestam no plano psíquico.

Ele chama os arquétipos de ‘imagens primordiais’, as formas mais antigas de pensamento da humanidade. Não são "idéias", mas "propensões" da psique humana, que podem se expressar de formas específicas, quando ocorrem situações específicas. Por exemplo, o instinto materno.

A "individuação" também é um conceito importantíssimo herdado de Jung, pois implica na ideia de uma continuidade progressiva da consciência em direção a um estado de plenitude, ao qual ele chamou de Self. Esse movimento dinâmico e evolutivo da consciência foi chamado de ‘processo de individuação’, e significa um caminhar universal, autônomo, embora inconsciente, em busca do equilíbrio dos conteúdos psíquicos, das dualidades, dos princípios feminino e masculino, de luz e sombra.

A visualização criativa é o correspondente, na psicologia Transpessoal, da imaginação ativa de Jung. Várias técnicas de visualização criativa foram criadas tendo como base os "arquétipos" e o conceito do "inconsciente coletivo" de Jung. Para ele, os diferentes tipos de divindades da mitologia universal correspondem a diferentes estados psicológicos, tornando-se assim, símbolos de transformação. As imagens míticas são usadas como arquétipos, pois, segundo Jung, os arquétipos ganham vida, quando assumem sentido para uma pessoa. Através da poderosa corrente de energia de que elas são portadoras, as imagens ganham numinosidade e conduzem ao reino transpessoal, espiritual. Por isso é tão próxima a Transpessoal da espiritualidade.